Sejam bem vindos!

O Laboratório de Arte é um protejo de extensão vinculado ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará, IFCE, Campus Canindé. o LAr visa o intercâmbio de alunos egressos do Curso de Tecnologia Superior em Artes Plásticas com alunos ingressos do IFCE Campus Canindé, através de oficinas, conversações e visitas a espaços de arte e ateliês.



Os encontros no Campus ocorrerão a cada15 dias com a participação de 15 alunos do Campus Canindé. Quem tiver interesse em participar, as atividades podem ser: Oficinas, conversação ou aulas de campos em “espaços de arte” e ateliês. Quando em dias úteis os encontros do Laboratório de Arte ocorrerão no período da manhã. Haverão encontros e viagens nos finais de semana, portanto é necessário disponibilidade do aluno participante. Ao terminar de preencher a ficha de inscrição abaixo envie como anexo para  larifce@gmail.com, ou inscreva-se na recepção do Campus Canindé.
As inscrições vão até de 13 de setembro!

Faça a inscrição pela internet aqui ou fazendo o download do formulário abaixo.

É de responsabilidade do aluno manter freqüência de 75% nos encontros do Laboratório, sejam ocorridos no Campus ou em excursões, aulas de campo ou visitas técnicas. O aluno participante será beneficiado dos direitos e deveres comuns a todos os estudantes matriculados em quaisquer cursos, estando portanto sujeito às sanções e benefícios estabelecidos pelos Regimento Interno do Campus. 

O Laboratório terá duração de 4 meses e ao final deste período o aluno participante receberá devido certificado. 





Participantes confirmados para o LAr 2011.2 (em ordem alfabética)
Baião Ilustrado
David Herculano
Diego de Santos
Galber Rocha
Ítalo Furtado
Ludus
Nathalia Forte
Máquina Que Não Funcionam
Onofre Paiva
Raisa Christina
R.A.M. (Crew)
Selo Coletivo
Sara Nina
Simone Barreto



Informações
http://www.caninde.ifce.edu.br/lar
http://www.facebook.com/larifce

larifce@gmail.com
@LAr_IFCE

Rodovia BR020, Km 303
Jubaia - Canindé - Ceará
CEP: 62700-00

(85)33430572

Prof. Sara Goes






Diário de Campo sobre a discussão da greve na aula de um professor que não fez greve



Antes de chegar na aula da disciplina de Pesquisa em Arte Visuais do IFCE os professores do IFCE, através do Sindicato Nacional dos Servidores, já haviam deflagrado um greve - a terceira que passo desde que entrei no curso de artes. Um dia anterior, eu havia ido na minha primeira aula que na verdade foi um espaço para uma explicação contundente dos professores que haviam escolhido a greve como última alternativa depois de, segundo eles, tentarem o diálogo com o governo federal há um ano. Dentro os motivos apresentados para a greve estão o aumento salarial de 14,77%, a reestruturação da carreira docente e a destinação de 10% do PIB brasileiro para a educação; somando-se ao fato de estarem protestando contra dois projetos que tramitam nas instâncias parlamentares do nosso pais: O projeto de lei nº 248/98, que possibilita a demissão de servidores públicos, e o nº 549/2009, que congela os salários por dez anos.

Diante disso, a minha dúvida enquanto estudante: vou ou não para a disciplina do único professor efetivo que não havia aderido à greve? Mesmo sabendo que é um direito meu não ser obrigado a ir para uma sala-de-aula quando da greve nem levar faltas por isso, resolvi ir para a disciplina justamente porque uma questão me angustiava: justamente o professor que possui um grupo de pesquisa sobre o ensino das artes, que entrevista outros professores de artes (da rede básica e superior), e que eu julgo, tem uma noção bem ampla das condições estruturais, psicológicas e institucionais desses professores, justamente ele não aderira à greve. Por quê? Acredito que foi esse motivo que me instigou a ir para à disciplina.

Cheguei no IFCE e já pude sentir um pouco o clima daquele momento político – poucas pessoas nos departamentos e salas vazias. Resolvi não dar ouvidos para os 'comentários de corredor' dos motivos aos quais levaram o professor da cadeira a não aderir. Vou escutá-lo pessoalmente, pensei. Ao entrar na sala, aguardamos um pouco. O docente entrou, trocas de conversas casuais e necessárias antes dele apresentar seus motivos da não adesão. Um professor muito competente, que não discordava da greve, mas apenas não aderiu. Independente deu concordar ou não com ele – é sempre interessante escutar pessoas que tomam decisão, que não se omitem ou têm medo de expor suas posições e descem do muro. Ele apresentou uma série de justificativas, dentre elas uma Semana de Artes Visuais para organizar, congressos para apresentar trabalhos, condições financeiras que não lhe motivara a protestar, estar dentre os 30% que era de direito não “grevar”,etc. Então, um desses momentos, perguntei por que ele optava por aquela decisão, pois se encontrava numa posição de alguém ao qual o aluno se espelha; como também de um professor que pesquisava outros professores. Lembro bem que em suas aulas ele sempre colocava discursos de professores da rede municipal, estadual e federal falando das precárias condições de trabalho. Havia uma grande simbologia ali: ele tomar aquela decisão é ensinar aos alunos que se pode 'furar uma greve' quando assim entender.

Para mim, particularmente, a greve não é nem um pouco interessante, posto que estou fazendo um Mestrado e justamente adiantei as cadeiras para terminar no tempo normal o curso de artes. Mas o fato político estava ali e quando menos esperava já havíamos iniciado um debate, dentro da disciplina, sobre greve, direitos, deveres,etc.

Concordei com algumas posições, discordei de outras. O debate até que foi interessante, mas não contou com adesão total da turma. Ouvi vários posicionamentos: pessoas que viam que no fundo só quem se prejudica com a greve é o aluno; que os professores “não estão nem vendo” para eles; outras que diziam que a paralisação é um direito,etc. No entanto, algumas considerações dos colegas de sala me preocuparam bastante: ver toda a problemática separando as “causas dos alunos” das “causas dos professores”. Como se, por exemplo, fazer greve por 10% do PIB do pais para educação ou pedir concurso para professores efetivos não fosse uma demanda que iria beneficiar (nós alunos), direta e indiretamente. É básico a noção de que no IFCE temos muitos professores substitutos e estes acabam sendo contratados como forma de 'remendos' para um grande déficit de docentes. Seria interessante os amigos de sala verem que podem ser beneficiados daqui a cinco anos com um concurso público de professor para a mesma instituição a qual estudou.

No entanto, um dos momentos que me deixou mais perplexo foi quando uma aluna interrompeu a discussão sobre a greve para perguntar “Sim, nós não vamos ter aula não? Porque nem todo mundo tá querendo falar sobre isso...” - a consideração foi seguida de uma observação pertinente, porém tímida, do professor, de que aquele momento já fazia parte da aula. No entanto, ademais de algumas vozes destoantes do questionamento da jovem, o questionamento imediatamente incitou a 'outra aula'. Voto vencido. Sem querer incindir numa crítica direta à colega que teceu o comentário, creio que aquele tipo de pensamento é o que “fala” por boa parte dos alunos do IFCE: alunos que nunca se vira empolgados com classes teóricas, nesses momentos, são os mais árduos defensores da volta de tradicional aula. Justamente aqueles estudantes que comemoram os feriados imprensados, a liberação mais cedo do professor ou então a ausência desse quando se encontra doente, justamente esses, nesses meus quase cinco anos de estudante do IFCE, são os que nesses momentos, não querem falar sobre greve e querem...Aulas! Para mim, isso encarna também o espírito apolítico da geração jovem brasileira. Se eximir da discussão política porque é algo chato, enfadonho ou não tem muito “a ver comigo” é bem mais cômodo. É o mesmo espírito que faz com que em pleno 11 de agosto nós não tenhamos nenhuma discussão sobre o sentido de ser estudante; o mesmo espírito que não conseguer manter nem 6 meses sequer nenhuma gestão no nosso Centro Acadêmico de Artes Visuais; o mesmo espírito que faz com que fiquemos apenas na masturbação reclamatória de que falta condições estruturais para nós alunos; o mesmo espírito que esbarra entre o pessimismo teórico e o otimismo prático. É fácil nessas horas criticar e moralizar professores que estão reivindicando um dos direitos mais básicos e fundamentais da nossa Constituição: à liberdade e à manifestação pública de protesto. É facil moralizá-los e até querer chamá-los de vários adjetivos enfadonhos, conservadores e vê-los como uma classe interessera, enquanto nós esperamos aquilo que nem sempre queremos numa segunda-feira de manhã: aula, aula, aula! Se eles se organizam, pelo menos respeitemos suas posturas e coragem. Se eles conseguem mobilizar a própria classe e literalmente parar, não por vagabundagem, mas sim por um ato autêntico de dignidade e respeito, que pelo menos saibamos nos espelhar nessas ações e aprender que, depois de anos sem conseguir diálogo com o governo que for, nós poderemos sim, futuramente fazer greve. Para finalizar, digo para aquela colega que “pediu a aula” no meio daquela discussão, que sim...aquilo já era uma aula e as melhores aulas geralmente são aprendidas fora de um cubículo branco com um quadro negro à frente.

Nesse sentindo, convido a todos colegas que querem aula, mas uma aula da vida, uma aula de política em que aprendamos sobre nossos direitos de estudantes a se somarem, ou pelo menos participarem de uma assembléia dos professores para conhecerem, antes de se fazer “críticas de corredores” aos motivos autênticos daquela greve; e, se mais possível ainda, desenvolvermos atividades que discutam nossos posicionamentos frente à greve, e melhor, a atual situação do nosso movimento estudantil.

Todo apoio à greve dos professores e servidores do IFCE!
Todo apoio à greve dos professores estaduais e federais de Ensino!
Por uma educação pública, gratuita e de qualidade!
Educação não é Mercadoria!


Alexandre de Albuquerque Mourão, aluno do 7º Semestre do Curso de Artes Visuais do IFCE e membro do grupo de pesquisa Meio-fio
alexmourao1@gmail.com
Discussões sobre o Mov. Estudantil de Artes no facebook:http://www.facebook.com/groups/amostragemmostralivre/